Fundada em 1925 por Monteiro Lobato e Octalles Marcondes Ferreira, a Companhia Editora Nacional (CEN) constituiu-se como uma das maiores e mais importantes editoras brasileiras do século XX. Seu projeto editorial, que era também político, e as estratégias pensadas para realizá-lo fizeram com que seu catálogo de autores e obras, tanto nacionais quanto estrangeiros e organizado fundamentalmente em coleções, se firmasse como referência para vários campos do saber e para a cultura brasileira de modo geral, ao mesmo tempo em que contribuiu de modo decisivo para a ampliação do mercado do livro no país. Desta forma, a CEN revela-se assim uma fonte das mais expressivas para o desenvolvimento de estudos potencialmente significativos para a história do livro e da edição no Brasil, bem como para áreas que, de alguma maneira, a ela se vinculam ou se associam direta ou indiretamente, como a história da historiografia, a história intelectual, a história da educação.
Como o rico acervo bibliográfico e documental formado ao longo de décadas pela empresa hoje encontra-se sob a guarda do Centro de Memória e Pesquisa Histórica (CMPH) da EFLCH, esta proposta de pesquisa pretende, a partir dele, trilhar um caminho ainda muito pouco explorado no país, o da articulação entre trajetórias editoriais e relações de gênero; mais especificamente, o que se busca é analisar, de forma entrecruzada, como o projeto editorial da Companhia incorporou (e, eventualmente, deixou de incorporar) autoras e tradutoras em seus produtos.
O desenvolvimento desta pesquisa justifica-se, em primeiro lugar, pela possibilidade de explorar de modo denso o acervo da Companhia Editora Nacional (editora fundamental, como ressaltado, para o Brasil do século XX), unindo assim a formação das alunas e dos alunos vinculados ao PET ao trabalho com uma documentação única e disponível na própria EFLCH. Associado a isso, justifica-se também por trazer ao grupo discussões teórico-metodológicas sobre a história do livro e da edição e propiciar atividades práticas de formação, pesquisa e produção nesse campo a partir de um recorte ainda muito pouco explorado pelas estudiosas e pelos estudiosos da área. Por fim, justifica-se por possibilitar reflexões mais amplas sobre produção e práticas culturais, relações de gênero e as assimetrias que trazem consigo em diferentes momentos, ontem e hoje.
TUTOR PROF DR. FABIO FRANZINI
Graduado em História (1993), Mestre (2000) e Doutor (2007) em História Social, todos os três pela Universidade de São Paulo (USP). Entre 2022 e 2023, fez pós-doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF) sob a supervisão da Profa. Dra. Giselle Martins Venancio, com bolsa PDS da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). É Professor Associado do Departamento de História da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp, área de Teoria da História, atuando tanto na graduação como em seus dois Programas de Pós-Graduação - Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória). Ainda na Unifesp, é um dos tutores do Programa de Educação Tutorial do Departamento de História (PET-História), junto com o Prof. Dr. José Carlos Vilardaga, e coordena, juntamente com o Prof. Dr. Luis Filipe Silvério Lima, o projeto Observatório da História (histobs.hypotheses.org). Foi Pesquisador Residente na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, sediada na Universidade de São Paulo (BBM-USP), no período de novembro de 2019 a outubro de 2020. Fez parte da Diretoria da Seção São Paulo da Associação Nacional de História (Anpuh) nas gestões 2018-2020 e 2020-2022. Faz parte, como Diretor de Publicações, da diretoria eleita da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH) para o triênio 2021-2024. Foi um dos editores executivos da revista História da Historiografia no biênio 2016-2018, publicação na qual integra o Conselho Consultivo desde 2013. Como pesquisador, interessa-se por temas relacionados à teoria da História, à história da historiografia brasileira, à história intelectual e das ideias e à história do livro, da edição e da leitura. É membro fundador da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH) e da Red Iberoamericana de História de la Historiografia, membro da International Network for Theory of History (INTH) e pesquisador associado aos grupos de pesquisa Teoria da História e Historiografia Márcia DAléssio (Unifesp), LETHIS - Laboratório de Estudos em Teoria da História e História da Historiografia (UFES), HISTOR - Núcleo de Estudos de Teoria da História e História da Historiografia (UFRRJ), LABTEO - Laboratório de Teoria da História e História da Historiografia (USP) e LUDENS - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa sobre Futebol e Modalidades Lúdicas (USP). É também "referente externo" do Observatorio Historiográfico del Sur (OBHISUR), coordenado pelo Prof. Dr. Tomás Sansón Corbo na Universidad de la República (Uruguai).